sábado, 29 de outubro de 2016

Rios de tinta

Veio ver-me num final de tarde de chuva.
Estava em pé em frente às grandes janelas a ver a água escorrer pela rua quando entraram para o anunciar. 
A minha mão desenhou três frases na folha branca que dobrei em quatro e pedi que lhe entregassem. 
Voltei a ocupar o meu lugar junto às janelas e fiquei por muito tempo, às vezes penso que para sempre, a ver a água escorrer pela rua.
Não voltei a aproximar-me das janelas, sobretudo, quando chove. 
E nunca saberei qual a exata formação de letras que foi a arma do mais terrível dos meus crimes. 

4 comentários:

  1. Talvez sob vínculo de uma qualquer atormentada sinestesia resvalando de um passado longínquo, leio estas delicadas e ternas reflexões e vejo-me a mim próprio a ouvir Study War, Ambient Mix. A vida é uma coisa estranha, e melancólica, se estivermos a olhar com atenção.

    Abraço, doce Cuca.

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  2. Respostas
    1. Os Piratas e os ciganos são capazes de tudo, ó cigano maltês!

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