segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Créditos

Quando lhe entreguei a espada de Pirata, para que a guardasse longe do meu punho, sabia que estava a fazer uma concessão ao diabo. Já outras vezes tinha dado a alma em penhor  e nunca por um prémio tão alto. Dois outonos mais tarde, queimo os documentos do resgate numa pira de assar castanhas.
O amor, já se sabe, tem um preço tão elevado que só a crédito o conseguiremos pagar. Uma vida inteira não chegaria para saldar a minha dívida. 
Já não tenho saudades do mar. Um poeta disse-me um dia que o mar é só sofrimento e que são de sofrimento todos os lugares do mar. Não tenho saudades de nada. Nem sequer dessa inquietude que é a saudade das saudades.