Os deuses escolheram um dia feio, de cinzenta chuva e mediana temperatura para reencaixarem as rodas da vida na ferrugenta engrenagem do universo.
A vida esteve parada e não foi por nenhuma daquelas razões que normalmente justificam a nossa vontade de suspender o tempo.
Metade dos dias estou consciente da minha condição de habitante da caixa de música de deuses relapsos. Às vezes esquecem-se de lhe dar corda e o mecanismo deixa-me, inerte, dobrada sobre mim própria, a meio de um passo de dança inexequível. Na outra metade, o Olimpo é o meu jardim e a moeda que tenho na mão tem a exata dimensão da ranhura. É deixá-la cair e esperar que as notas se espalhem.
Dentro ou fora da caixa o que importa é que nunca se nos acabe o jazz.
Os deuses, dizia, escolheram um dia feio para reencaixarem as rodas da vida na ferrugenta engrenagem do universo.
Quando a máquina deu um solavanco e voltou a deslizar sobre os carris, o jazz foi-me devolvido e morreu bela a tarde que nasceu feia.
Jazzmin.
ResponderEliminarUma das minhas flores preferidas
EliminarSim, o Jazz e a vontade de Dançar, num "deserto" que afinal não é impenetrável ou indiferente a aspectos diversos d'O Belo.
ResponderEliminarAbraço, cara Cuca. O Deserto é um sítio agreste para uma Pirata.
Agreste e loooongo.
EliminarO dia sobre nós, vale muito pouco se pensarmos o quanto são diferentes, os mesmos dias acima da cabeça de diferentes gentes, que vivem o mesmo dia da gente! O teu dia o meu dia, cinzento ou amarelo cor do sol...mas tão igual no final! Feliz!!
ResponderEliminarO nosso dia vale sempre mais do que os dos outros.
Eliminar:)
como vão as aulas? tenho muita inveja :)
ResponderEliminarLeeeentas, Manel.
EliminarA aprendizagem é leeeenta.