domingo, 30 de outubro de 2016

A sexcentésima segunda noite

Como Xerazade ao rei Schahriar, também eu, na sexcentésima segunda noite, haverei de contar-te a história que já é a tua. 
Serei gentil com as tuas fraquezas. Procurarei atenuá-las com rendas e cetins. 
Indignar-te-ás com os traços de cobardia e não te reconhecerás no liso espelho. 
Então, condenar-te-ás com uma dureza mil e uma vezes superior àquela de que eu seria capaz. 
Depois adormeceremos em paz, apenas para que, no dia seguinte, te deixe viver um outro por-do-sol. 

5 comentários:

  1. Creio que quem consegue adormecer em paz após tal condenação (mil vezes superior, etcoetera) merecerá viver mais do que apenas um por-do-sol condicional.

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  2. "Apenas um outro por-do-sol" ou apenas "um outro por-do-sol"?

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