quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Aleivosias

Pensei, durante muito tempo, que a mais justa metáfora do amor estivesse contida na bruxa de José Saramago, a Blimunda do Memorial do Convento que, dotada do poder de ver as entranhas dos outros quando em jejum, ao acordar, para se cegar à mais pura verdade interior do seu amado Baltazar, comia uma pedaço de pão antes de olhar para ele. 
Como vai sendo hábito, estava errada. A metáfora superior é a inversa. A de Virgínia Wolf. Negar a quem se ama o acesso ao mais profundo de nós próprios, porque pior do que deixá-lo trancado no exterior é aprisoná-lo, connosco, dentro da nossa mente. 
Há muito que a perceção empírica do potencial destrutivo da verdade me fez abandonar a sua defesa incondicional.
No fundo, tudo se resume a essa outra metáfora: A do Coronel Jessup no filme "A Few Good Men".
"You can't handle the truth".

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Madama



Quando a Madama cantar a ária, quando a sua voz se elevar no ar, espalhando-se pela atmosfera, quando todos os cantos da sala se tiverem rendido, nessa altura, o Teatro desvanecer-se-á lentamente. As suas paredes serão substituídas pelas árvores da montanha. O palco será tomado pelo mar. Filas de cadeiras formarão a vereda que tantas vezes subi ao teu lado. A Madama a exorcizar uma dor futura nas colunas do rádio do carro. Os pinheiros velozes a fugirem na nossa direção. O espanto nos olhos dos pássaros com a angústia evadida através dos vidros abertos. E finalmente, o topo da montanha, o mar lá muito ao fundo, as notas diretamente da garganta da Madama para o azul dos sonhos no tecto imenso. 
Quando a Madama cantar a ária, regressarão aqueles dias em que nenhum amor havia ainda sido declarado extinto. Estaremos mais próximos do que as nossas mãos fundidas. 
Por um segundo, teremos a oportunidade de desdizer o tempo. 
Eu não olharei para trás e tu estarás lá, à saída do inferno. 
E então, nada disto será a verdade. 
A Madama tocará apenas para nós, no rádio de um carro, parado, no topo de uma montanha, vazia, com vista para o mar. E dançaremos novamente com o mesmo desespero de todos os dias. 
E desta vez, quando a música terminar, não regressarei a casa. E o amor nunca terá sido declarado extinto. Enquanto a Madama cantar a ária. 

Do tédio

Amanhã e depois e ainda no dia seguinte e no outro e no outro. Sobe a lua, desce a noite, cai o dia. O oceano avança e recua. Os rios obedecem a um ritmo que não é seu. O tempo é um artifício inventado para incutir a falsa sensação de movimento. Na verdade, somos tão imóveis como as rochas. Apenas sujeitos à lentíssima erosão dos elementos. 
A eternidade é este tédio milenar. O crescimento silencioso de uma unha partida. O declínio discreto de uma papoila. O alastrar impercetível daquela mancha na pele. A tecla gasta do piano. A sombra do esquecimento que vai deslizando pela parede. 


terça-feira, 27 de outubro de 2015

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Diálogos com deus

Deus - minha filha...
Cuca - sai!!!!!!
Deus - mas Cuca... há quanto tempo não falamos?
Cuca - só posso concluir que os comprimidos têm sido eficazes.
Deus - Beckett escreveu que...
Cuca - ó deus ... vai para casa, pá! Está a chover e assim. 
Deus - ainda não?
Cuca - não! 

domingo, 25 de outubro de 2015

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A outra face

A liberdade viajou na asa negra
da impotência.
Aterrou numa manhã de chuva miúda.
A voz na rádio disse que a humidade era de 96 por cento.
Soube, nessa manhã de maio de há muito anos, que coisa alguma bastaria.
E o amor, o amor nada. Nunca poderei ser mais amada do que no instante em que até o amor foi insuficiente. 
Então, fizeste-me livre.
Os homens não sabem que a liberdade é apenas a face mais brilhante da moeda da impotência. 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Dilema de Fausto 2 (sondagem)

Já sei: Ainda não responderam à sondagem do post infra porque estão todos a pensar na resposta.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Dilema de Fausto

A BRUXA (começa a ler, declamando com grande ênfase): 
Ouve, por quem és:
Do um fazes dez
E o dois e o três 
Tal qual deixarás,
E rico serás.
Perderás o quatro!
Cinco e seis serão, 
Diz a bruxa então, 
Sete e oito, e a conta
Assim fica pronta:
E o nove é um.
E o dez é nenhum.
Está feita da bruxa a tabuada comum.

FAUSTO
Acho que a velha está a delirar.

In, Fausto, Johann W. Goethe, tradução de João Barrento, Relógio D' Água.

Rios de tinta sobre Fausto e esquecem o essencial: O verdadeiro dilema de Fausto não é entregar a alma ao diabo. Fausto é um descrente. A eternidade não o preocupa. O dilema de Fausto é que quem nada quer desesperadamente, deixa o diabo sem moeda de troca. 
Ocorre-me que essa é a mais verdadeira condição do perdido. 
E tu, ainda encontras sob o céu moeda de troca da alma?


Hades

Os casamentos feitos nas estrelas podem ser bonitos. 
Mas são aqueles que se fazem no inferno que são eternos. Forjados com o ferro das amarras dos condenados; fundidos no caldeirão do pecado; habitados por mil e um demónios.  
Eternos como as chamas do Tártaro. 

Calling


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Adeus mundo real

Dou por terminada a minha curta expedição ao horrível mundo da realidade. 
Não sei se o tempo que estive fora foi demasiado ou insuficiente. Sei que uma semana de atenção ao real fez-me recordar as razões pelas quais decidi passar a habitar as páginas de um ou vários livros, mantendo-me quentinha e confortável dentro de uma bolha de sabão esterilizado, decorada com versos, e flutuando, distante e ocasionalmente, por entre as coisas e as pessoas e as coisas das pessoas.
O mundo tornou-se mais incompreensível do que o mais críptico parágrafo do Ulisses. E por impossível que isso possa parecer, também mais aborrecido.
Além do mais, a expedição foi um fracasso.
Dez dias de atenção ao real não foram suficientes para, por exemplo, perceber quem ganhou as eleições no meu país. Aliás, não chegaram sequer para conseguir apreender o conceito de país, ou essa claustrofóbica ficção de ser cidadã de um país. 
Tentei apreender o mundo através da televisão mas só consegui encontrar duas espécies de programas: aqueles em que pessoas muito zangadas e feias discutem, com ganas de psicopata, assuntos cuja importância me escapa e outros em que pessoas muito zangadas e feias e perseguem psicopatas homicidas.
Não sei o que dizer sobre uma sociedade obcecada com a psicopatia ao ponto de a tornar uma fonte de entretenimento. Suspeito, porém, que não me apetece viver nela.
A tentativa de apreensão da realidade através do elemento humano também não correu melhor. Só conheço pessoas inteligentes. Alienaram-se, pois, muito antes de mim. 
Regressei às páginas dos livros de onde tenciono não voltar a sair. 
Há mais verdade no Fausto de Goethe do que nesta massa demente que já há muito vendeu a alma ao diabo por uma miserável dose de ilusão. 

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Telhados

Aqui, no telhado, pendurada pelos pés, inclinada sobre a noite, aliviada de uma parte do firmamento, dou pela sua presença. Está sentada no meio das telhas, a ocupar o meu antigo lugar. Noto-lhe a transparência dos ossos e uma expressão antiga no olhar. A de Eva, talvez. Diante das portas fechadas do paraíso, diz quem viu. 
Apanhada na minha indiscrição, decido não dar parte de fraca e interpelo-a diretamente. 
Afinal, somos velhas conhecidas. 
- noite fria para quem pertence ao dia. E então, ainda lhe escreves?
- sim, claro. Até hoje, mais de duzentas cartas, incontável número de letras e até algumas notas de música.
Há uma obstinação doentia na descrição. Como quem, inventariando demónios, pensou muitas vezes na resposta. 
Estico os músculos do pescoço e assento o peso nos cinco dedos de um só pé.
Não preciso de perguntar se ele já lhe respondeu. Mas, daqui, pendurada no telhado, com vista limitada para o firmamento, questiono as razões da demente empresa.
- é a minha pena e é eterna.
Responde com voz sumida.
Quando volto a olhar para cima, já desapareceu. 
Penso quão terrível pode ter sido o crime. 
Sei que já o esqueceu. 

domingo, 11 de outubro de 2015

Axioma de Catão

Com as minhas próprias mãos, construir um palácio, para nele abrigar a tua alma. 

No ano 45 assim como hoje

Pelo contrário, achamos que o marido que encerra a sua mulher numa espécie de vida acanhada, é como um anel apertado à volta de um dedo magro. Esse marido parece-se, pois, com esses criadores que tosquiam muito rente as crias das suas éguas e quando, em seguida, ele a leva a beber ao rio, ou aos lagos, cada uma delas ao descobrir a sua imagem desfigurada, desfeada, perde subitamente toda nobreza e até por um burro se deixa cobrir. 

Plutarco, Erotika, Diálogo Sobre o Amor, editora Fim de Século

sábado, 10 de outubro de 2015

Primeira a postar fotos de meias quentinhas!!


Ja não fui a tempo das botinhas mas quero o segundo prémio!

Da psique coletiva


OS QUE PASSAM A CORRER 

Se vamos passear à noite por uma rua e um homem que ao longe se avista - porque a rua sobe à nossa frente e a lua está cheia - vem a correr de encontro a nós, então não o vamos agarrar, apesar de ele ser fraco e andrajoso, apesar de vir uma pessoa atrás dele e a gritar, vamos antes deixá-lo passar. 
Porque é de noite e não temos culpa que a rua seja a subir e esteja iluminada pela lua, e, além do mais, talvez esses dois homens tenham organizado a caça para seu divertimento, talvez os dois persigam um terceiro, talvez o primeiro esteja a ser injustamente perseguido, talvez o segundo queira matar e nós seríamos cúmplices do crime, talvez os dois não saibam nada um do outro e cada qual apenas corra, por sua própria iniciativa, para a sua cama, talvez sejam sonâmbulos, talvez o primeiro esteja armado.
E afinal de contas não podemos nós estar cansados, não é verdade que bebemos muito vinho?Estamos contentes por também já não vermos o segundo homem.


Franz Kafka, Os Contos, 1. volume, Assírio & Alvim 

Brincar com a chuva

Kierkegaard, o cão Pirata, apesar de irremediavelmente louco, é demasiado burguês e cobarde para gostar de passear à chuva. Diverte-o, isso sim, fugir da chuva por entre telheiros, beirais, abrigos, onde logo que se sente seguro, sacode dos bigodes as gotas da chuva que quase, mas apenas quase, o apanharam.
Exatamente como alguns loucos humanos que conheço, relativamente a essa outra incómoda condição atmosférica, que é o amor. 

Sábado

Como Kafka, num dos seus contos, também eu envio o meu corpo vestido e fico antes deitada na cama, coberta por uma manta amarela.
É sábado. Tenho dois novos livros de contos de Franz Kafka no topo da mesa de cabeceira e, se houver um resto de perfeição no mundo, o dia será de tempestade. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Esquecimento

Não sei se foi livre o arbítrio do caminho. Gostávamos de o descrer quando os pés flutuavam sobre um chão de algodão. Não existem razões para em tal acreditar agora que o asfalto nos queima os joelhos. 
Sei que nos foi permitido quase tudo. Os deuses deram-nos as lentas tardes mansas, um jardim estendido até ao infinito, os acordes na voz de Pessoa, a métrica do jazz, o cume das montanhas e ainda esse outro mundo que existe sob a água do oceano. Deram-nos os sonhos e o medo que nasce dos sonhos e a morte que se alimenta do medo.
Só não nos deram o poder do puro esquecimento. Única vingança e perdão admissíveis entre homens livres.
A espada e a rosa que se demoram a libertar-nos do arbítrio.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Cântico do Homem


De lado
Vi o teu rosto pintado no tronco da palmeira
O sol negro nas tuas mãos
Então montei a minha saudade da palmeira
Trazia a noite num cesto, trazia a cidade às costas
E polvilhei-me à volta dos teus olhos, estudei
O meu rosto
E vi o teu rosto, havia nele a fome de uma criança
E esconjurei-o com fórmulas mágicas
E polvilhei- o com jasmim

Adónis, poeta sírio, possível vencedor do prémio Nobel Literatura, a anunciar amanhã.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Fim-do-Mundo I

À cautela, fui ver o que andava a fazer durante o último fim do mundo.

Fim-do-Mundo

Uma daquelas seitas cristãs conhecidas por nunca falharem previsões anunciou para amanhã o fim do mundo. 
Desconhece-se a hora agendada para a efeméride. Já o método proclamado, esse, será o fogo. 
Uma gigantesca bola de lume redentor engolirá o mundo. Amanhã. 
Morreremos todos. 
Poucos daremos pela diferença. 
Disseram-me que a mesma seita já antes havia previsto o fim do mundo para o dia 21 maio de 2011.
É bem possível que também dessa vez tenham acertado. 

Unicórnio

Não há memória, instante, estado de espírito, episódio, ou pedaço de existência que não encontre num verso a sua definição exata. A cada emoção que é dos homens, o seu reflexo num espelho que é tecido por deuses. 
Ao abrir o livro, numa página ao acaso, leio: 
"O unicórnio ferido que regressa para assinalar o fim".
E resolvendo-me, traço a sangue o resultado da equação que me afundou o peito.
Ensinou-me o verso aquilo que a razão jamais saberia compreender: 
o que há de tão triste no teu último regresso. 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Ainda sobre a física quântica

"Não mostrei a ninguém o meu tesouro. À felicidade de possuí-lo juntou-se o medo de que mo roubassem, e depois o receio de que não fosse verdadeiramente infinito."

Jorge Luis Borges, in, O Livro da Areia

Só Quis Tocar o Céu


domingo, 4 de outubro de 2015

Liberdade assintótica

Não haveria muito mais quem, entre o mar e a terra, tivesse a capacidade de me fazer entender que o problema, este insolúvel problema que me perturba, é nada menos que a velha conhecida questão da liberdade assintótica: 



"Liberdade assintótica é uma propriedade da cromodinâmica quântica, a teoria quântica de camposde interações nucleares entre quarks egluons, os constituintes fundamentais da matéria nuclear. Quarks interagem fracamente em altas energias, permitindo cálculos perturbativos, feitos pelo DGLAP (grupo de cientistas que escreveram pela primeira vez sobre a evolução da teoria de cromodinâmica quântica), de cortes transversais em processos inelásticos de física de partículas; e interagem fortemente em energias baixas, prevenindo a separação de bárions (como prótons ouneutrons com três quarks) ou mesons(como píons com dois quarks), as partículas compostas de matéria nuclear."
(Da wikipedia)

Que é como quem diz: a liberdade é inversamente proporcional à força do desejo.

Diário de Bordo

Ontem foi dia de reflexão e nós, neste navio, apesar de vivermos no fio da navalha naquilo que a regras diz respeito, procuramos cumprir uma ou outra só para nos irmos lembrando de como é. 
Logo pela manhã, mal saltei da cama, decretei vinte e quatro horas de reflexão obrigatória e usei o papagaio como método de difusão da mensagem. Dois minutos depois, como sempre acontece quando mando alguma coisa neste navio, começaram os problemas. Confesso que o maior de todos e que admito não ter tido capacidade de antecipar, é que boa parte destes bravos Piratas nunca na vida tinha feito uma reflexão e, como tal, não fazia a menor ideia de como é que isso haveria de ser. Pressentindo a importância da coisa pelo tom formal do papagaio, formaram uma fila ordeira à porta da minha camarata e munidos das suas dúvidas, blocos de notas e Ipads (no caso do bloggers e dos presidiários) ficaram à espera que saísse para me cobrarem explicações. Meia hora depois já toda a gente sabia que tanto se pode reflectir sentado, como de pé e que não é indispensável um outfit especial para a reflexão. No entanto, ainda havia quem duvidasse da possibilidade física de se reflectir enquanto se come e sobretudo (mas expliquei-lhes que isto não é válido para iniciados) enquanto se lê um livro ou enquanto se dormita. 
Enquanto os deixei entregues aos seus afazeres reflexivos, comecei eu própria a reflectir no que tinha acabdo de fazer e apercebi-me que, contagiada lá pelas bizarrias da Comissão Nacional de Eleições, cometi um erro perigoso.
Toda a gente sabe que o regular funcionamento de qualquer instituição depende, antes de qualquer outra coisa, da irreflexão sobre os seus alicerces. Vinte e seis Piratas sozinhos num navio a reflectir cada um para seu lado é o equivalente a lavar o convés com nitroglicerina e depois lembrar-me de o decorar com velas.
Mandei imediatamente o papagaio informar que o período de reflexão tinha sido abortado. 
Pensei em organizar uma festa para dissipar qualquer resquício de efeito que um pensamento mais livre pudesse ter provocado na minha tripulação. 
Mandaram avisar que estavam:
A) com dores-de-cabeça;
B) deprimidos;
C) ocupados a tentar o suicídio.

sábado, 3 de outubro de 2015

À espera da chuva

Passei a semana à espera da chuva. Não uma chuva morrinha daquelas que aborrecem mais do que afligem e deixam nos cabelos pequeninas gotas de diamante. Continuo à espera da chuva. Mas de uma intempérie de água sonora que ensope os ossos e se infiltre no sangue. Uma chuva imensa e redentora. Das que lavam. Das que fazem correr pelas ruas abaixo todo um rio feito de lixo e de lama. O tipo de chuva que os homens temem por obrigação genética.
Gosto do céu depois de uma chuva assim. 
Um céu de alívio. 
Passei a semana à espera desse céu.

Náufragos


Adivinhações

Vaticinou-nos uma bruxa esta eternidade de desencontros. Disse-me, à beira do rio, que a água corria mais rápida do que as pedras. 
Na altura, não acreditava em magia e mandei eliminar a bruxa. 
Se fosse hoje, ter-te-ia antes mandado eliminar a ti. 

Cura

Incurável é o reflexo da tua voz na minha pele
Os dedos dos pés encolhidos de encontro ao chão 
O pulsar do veneno dentro das veias abertas
A boca que morde para distrair a dor.

Incurável é a perversão das leis dos homens 
A presença constante na ausência permanente 
A tua mão de gigante nas minhas costas vazias
Um espaço que não existe por onde corre uma vida inteira.

Incurável é o apego. A sede. A seiva.
A memória e a saudade. 
A ferida em carne viva. 
O emplastro em alma morta. 
A respiração pesada que me vela o sono.
O desenlace das mãos naqueles segundos que precedem o acordar.


Incurável é pertencer-te.





Ecos permanentes


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Da série: grandes frases da literatura

"Se eu não era feliz, vivia alegre." 

In, Confissões de Uma Viúva, Machado de Assis