As avenidas estão cheias. Há sacos com laços coloridos pendurados em mangas de Vison. As montras exibem os objetos brilhantes que ainda há meia hora não sabíamos existir e sem os quais já não podemos viver. As luzes estão no ponto perfeito do espalhafato. Há mercados de Natal em várias esquinas e em todos cheira a chocolate e a fritos de Natal. É um cheiro feliz.
É certo que no passeio da avenida, com a cabeça de encontro à calçada, jaz, não se percebe se vivo ou morto, um homem de meia idade, sapatos rotos e casaco esburacado.
Mas estamos todos atrasados para o Natal e é até provável que o homem já ali esteja desde a Páscoa.
Nem precisa ser Natál, Capitã. Descer a Av. da Liberdade numa noite de inverno, deixa-nos deslumbrados com o brilho das montras e com um nó na garganta quando o olhar teima em se voltar para as arcadas...
ResponderEliminarImpressionou-me especialmente por estar no meio do passeio com a cara de encontro ao chão.
Eliminarainda falta muito?
ResponderEliminarEstá quase. Na noite de domingo já nenhum de nós será disfuncional.
EliminarNa noite de domingo esse e outros homens estarão ainda prostrados no chão frio das arcadas. Na manhã de segunda-feira não faltarão animais mortos a passearem-se às costas dos transeuntes.
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