na noite mais curta
lavo os pés
e adormeço vestido
Matsuo Bashô, in O eremita viajante (haikus – obra completa), Assírio & Alvim
Dizia Borges que alguém (não importa quem) dizia que não era possível imaginar o universo sem um certo verso de Poe (não importa qual).
Eu posso imaginar o universo sem Poe. Mas já não posso concebê-lo sem este haiku de Bashô.
Ninguém nos explica a razão pela qual um verso pode espantar-nos como uma faca afiada no meio das omoplatas.
"A essência do haiku é o "corte" (kiru). Isto é geralmente representado pela justaposição de duas imagens ou ideias e um kireji ("palavra que corta") entre elas, um tipo de marca de pontuação verbal que sinaliza o momento da separação e destaca a maneira pela qual os elementos justapostos são relacionados."
ResponderEliminarlá está...uma faca afiada no meio das omoplatas...:)
Ah, afinal quando disse que ninguém explica, estava enganada. Acabaste de fornecer a explicação!!! :)))
EliminarAndo a tentar escrever haikus e apesar de não parecer é muito difícil (precisamente por causa dessa parte do corte)
eu, pecadora me confesso, capitã, fui ver à Wikipédia...
EliminarBendito Google!
Eliminar:)
O que surpreende é a vontade do impulso.
ResponderEliminarOu a imposição do impulso contra a vontade?
Eliminarproclamo aberta a época do haiku!
ResponderEliminar"o cuco
Eliminarestá fora
do mundo dos poetas"
Bashô
«Não haverá futuro — e haverá
ResponderEliminarsomente esta lâmina
de quartzo lacerando
a carne amarrotada. E haverá
somente este punhal
de cinza cravado
entre almofadas inúteis
e lençóis vazios.»
Albano Martins (que, como tu, admirava Bashô -- um livrinho chamado Com as Flores do Salgueiro)
Não conheço, mas adorei o poema.
EliminarObrigada, Flor silvestre!
Isto deve mesmo ser uma epidemia. Não é que comprei o livro (esse mesmo) na semana passada...
ResponderEliminarÉ preciso entrar no estado de espírito certo... :)))
Eliminar