Éramos os únicos clientes na esplanada de um restaurante que esteve na moda há trinta anos atrás. Diante do prato vazio, ele falou de amor e eu segui o voo próximo de uma mosca azul de olhos terríveis. A mosca desenhou um oito, exibiu-se diante da porta de vidro do restaurante e acabou por vir pousar na nossa mesa, entre o talher e uma taça com azeitonas, a escassos centímetros da mão dele. Continuei a ouvi-lo falar, incapaz de abandonar os movimentos da mosca de olhos terríveis.
Pensei que deve ser necessária muita coragem para ensaiar voos rasantes a um inimigo tão maior.
A troco do quê? – perguntei-me.
Não lhe disse que o amor é moeda com as mais diversas taxas de câmbio.
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