Abro as asas de cetim estrelado
e do coração estéril
nascem pombas.
Ergo os braços feitos de cometas
e das mãos vazias
desprendem-se rios
Ensaio nas vielas da noite
os aplausos dos mendigos,
E agradeço
a todas as pedras.
Faz frio
Molham-se as asas
Pesam os braços
Não me queixo
do meu destino.
Às vezes,
Um rasto de penas
Ou um resto do rio.
E o coração menos estéril
Ou as mãos menos vazias
E sou o mendigo iludido
E a pedra agradecida
E faz menos frio.
Gostei muito deste poema, li-o, acho, três vezes para o absorver bem.
ResponderEliminarE depois lembrei-me daquela frase do Picasso que diz qualquer coisa como "há pessoas que fazem do Sol uma mancha amarela e há as que fazem de uma mancha amarela o próprio Sol." O poema descreve alguém que se insere no segundo grupo. É muito bonito, Cuca.
Obrigada, Susana :)
EliminarPensando numa possível banda sonora para o poema (sabendo-se que qualquer poema tem a sua música privativa) achei que esta poder-se-ia, de alguma forma, adequar:
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=-EiWnyHrXN8
De facto, o poema poderia ter sido escrito ao som da música. É formidável.
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