sábado, 5 de agosto de 2017

L-I-S-B-O-A

Deu-me, de presente de boas-vindas, a melhor prata que esconde no rio; três nuvens com o formato das copas das árvores; ruas razoavelmente vazias à hora da sesta. A casa cheirava àquilo que cheiram as nossas casas quando regressamos para as habitarmos: essência de culpa e esperança. Abri as portas devagar. Estive ausente tantos anos que é possível que os fantasmas se tenham cansado de me esperar. 
À noite, bem sei, Lisboa não me embalará o sono. Nunca dormi decentemente nesta cidade. 
Digo-lhe ao ouvido que, desta vez, não a abandonarei. Lisboa volta ao rosto para que não lhe leia o desdém. Mede-me a temperatura dos pés e sabe, como o sabem as mulheres muito velhas e os anjos, que nunca regresso para ficar. 

11 comentários:

  1. é da proximidade do mar... os iões afectam o sono :)

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    1. Talvez tenhas razão mas ao contrário. Se calhar não consigo dormir a mais de 200 metros do mar.

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  2. Debussy no iCoisa para um sono com sonhos na nossa pequena babilónia.
    Lull também tem funcionado comigo, Like a Slow River. Ominoso, em sintonia com os tempos.

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  3. Se o problema for a distância do mar, nada como um colchão de água salgada e uma garrafa de rum para embalar ;)

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    1. Mak, és um génio. Tenho inveja por não ter sido eu a ter essa ideia salvadora.

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  4. Agora é que vamos fazer imensos jantares de bloggers! :D

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  5. bem avisei que a insídia da capital haveria de sequestrar a nossa destemida Pirata...

    ninguém me liga...

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    1. Não vamos deixar que Lisboa, desta vez, pague as culpas da distração provocada pela cidade eterna.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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