sábado, 19 de agosto de 2017

Verão

As gotas de água do verão escorrem apressadas pela garganta da clepsidra. É por ela que meço os dias, contando o tempo do fim para o princípio. As cores começaram a esbater-se a partir do meio do mês de agosto. As manchas de suor e sal nos sofás brancos do lounge contam estórias dos que já partiram. Pelo chão das ruas, à noite, há riachos de gelado derretido e sangria derramada que formam pequenas lagoas nos cantos. Deixam nódoas que durarão até às primeiras chuvas de novembro. Já não há, por esta altura, um único corpo virgem de sol. E até o mar parece exausto, fingindo  expulsar, desesperançadamente, aqueles que lhe colonizam os bancos de areia. 
Este não é um verão igual aos outros na minha estância balnear. 
É aquele verão que não verei morrer. 

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