Pinto as unhas dos pés de azul e penduro-me no trapézio. O sol tirou-me as estrelas mas sei que, se souber esperar, ser-me-ão devolvidas, inteiras, depois do anoitecer. As estrelas são corpos mortos. Tudo o que no mundo é amável já se extinguiu. Tudo o que é detestável também.
Há o pó. Uma espécie de pó. Uma nuvem de pó.
Dormito de cabeça para baixo, pendurada no trapézio. Sonho um pesadelo com uma criança rechonchuda, a quem querem cortar os braços para a salvar da extinção. É um sonho de inspiração Rafaelita. A criança é, na verdade, um anjo que vi pintado num fresco a precisar de restauração. Creio que salvo os braços da criança antes de decidir, dormindo, que é apenas um pesadelo. Acorda-se, todos o sabemos, quando se identifica a origem do mal. No amor também. A racionalização extingue tudo. Até as estrelas.
passo a vida a dizer isso e ninguém me ouve.
ResponderEliminarAh bom! Nesse caso deve ter sido a ti que roubei isso. Bem me parecia que era roubado! :)))))
ResponderEliminarnão roubaste nada. nem sei se o escrevi.
EliminarAbaixo a racionalização, viva a loucura!
ResponderEliminarisso do azul é que pronto...
:)
piano lessons?
Não é bem loucura. É mesmo irracionalidade.
Eliminar:)
(O azul é a cor do céu e do mar. Não há nada mais bonito)
também andei pendurado em pesadelos, pessoas mumificadas cortadas pelos joelhos... logo nã havia unhas dos pés pintadas... logo nã foi a ti que roubei os sonhos... mas o texto, gostava de o ter escrito :)
ResponderEliminarNão sei não. Se calhar deixaste-me só a parte de baixo!
Eliminarnos sonhos acordamos quando morremos.
ResponderEliminaro azul é a cor perfeita.
no final até as estrelas acabarão por colapsar sob a gravidade.
Unhas dos pés azuis?!
ResponderEliminarBom, certo está tudo o que nos faz felizes.
~CC~