A mim não me puxa a compaixão, estou do lado deles, homens ruins de gengivas rotas, sou eu a mulher que têm durante as travessias, mulher incompleta e de pau, a quem entregam todos os terrores,
todos os clamores,
a quem acendem velas e renovam promessas. Sou eu que sei dos seus últimos cuidados, quando perdem um pé neste mundo e entram com o segundo no outro. Homens rudes, que arregaçam as mangas e mostram as cicatrizes, as tatuagens, corpos martirizados, tornam-se outra vez tenros, iniciais, limpos e pequeninos e chamam pela mãe. Ninguém, só eu, os consegue ouvir na transição.
Ana Margarida de Carvalho, in, Não se pode morar nos olhos de um gato, Teorema
Tenho para ler "Que importa a fúria do mar", gostaria de saber se este vale a pena. Obrigada
ResponderEliminarAinda só li pouco mais de um terço. O primeiro capítulo é um assombro de bom. Mesmo que o resto do livro não seja assim (parece-me difícil manter aquela intensidade ao longo de tanta página) só o primeiro capítulo vale o livro.
EliminarAi que já me tramaste! Adorei o 1º romance dela, mas de paixão, e agora pimbas, outro na calha.
ResponderEliminarNão te arrependerás!
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