Os maus rapazes da minha adolescência:
Eu ainda sou do tempo em que havia maus rapazes. Desprezavam as meninas educadas e boazinhas. Gostavam das vadias e de vadiar com elas. Tinham o charme da maldade blasè. Eram giros, os maus rapazes. Gostavam de motas e faziam surf nos meses de verão. Nunca estavam apaixonados mas tinham sempre uma namorada. Que os trocava pelo melhor amigo a partir de meados de Agosto. Tinham más notas, mas isso era uma característica co-natural. Os pais tinham empresas para eles herdarem. E essa altura estava sempre demasiado longe.
Este inverno, os bad boys da minha adolescência voltaram à minha vida, via facebook, como uma alucinação ou uma miragem virtual.
Não percebo o que fizeram no interregno entre a minha, nossa, adolescência e o momento presente. Fico com a sensação que estiveram congelados no mar gelado das nossas praias e os descongelaram ontem. Vítimas de um mau processo de conservação que os deixou impróprios para consumo.
Os maus rapazes da minha vida acordaram sem as empresas dos pais que faliram entretanto. Trocaram o gosto pelas motas por automóveis topo de gama em que só entram porque se vendem nos stands onde trabalham. Ou porque o dono das empresas onde fazem qualquer coisa como recursos humanos, informática ou serviços administrativos, os deixa levar o carro à revisão.
Já não fazem surf, mas ainda vão aos domingos ver o mar. Levam as mulheres com quem se casaram. Aquelas que nunca recuperaram os quilos que ganharam na gravidez. E que continuam a usar as mesmas camisas que compraram nos anos oitenta. Agora já não trocam os maridos a meio de Agosto. Nessa altura, aproveitam as férias dos supermercados e das pastelarias onde trabalham para ir para a T1 da prima na Quarteira. Enchem as crianças com o açúcar das bolas de Berlim e os maridos com a cevada das cervejas.
Os bad boys estão demasiado gordos para se equilibrar numa prancha mas ainda se cumprimentam uns aos outros com sinaléticas de surfista. Não têm nada para dizer e quando se encontram vivem na glória dos engates de há 15 ou 20 anos atrás. Falam de bebedeiras com o orgulho de quem relembra o dia do doutoramento. Vão ao hipermercado com a mesma adrenalina de quem explora a Amazónia.
Eu ainda sou do tempo em que havia maus rapazes. Desprezavam as meninas educadas e boazinhas. Gostavam das vadias e de vadiar com elas. Tinham o charme da maldade blasè. Eram giros, os maus rapazes. Gostavam de motas e faziam surf nos meses de verão. Nunca estavam apaixonados mas tinham sempre uma namorada. Que os trocava pelo melhor amigo a partir de meados de Agosto. Tinham más notas, mas isso era uma característica co-natural. Os pais tinham empresas para eles herdarem. E essa altura estava sempre demasiado longe.
Este inverno, os bad boys da minha adolescência voltaram à minha vida, via facebook, como uma alucinação ou uma miragem virtual.
Não percebo o que fizeram no interregno entre a minha, nossa, adolescência e o momento presente. Fico com a sensação que estiveram congelados no mar gelado das nossas praias e os descongelaram ontem. Vítimas de um mau processo de conservação que os deixou impróprios para consumo.
Os maus rapazes da minha vida acordaram sem as empresas dos pais que faliram entretanto. Trocaram o gosto pelas motas por automóveis topo de gama em que só entram porque se vendem nos stands onde trabalham. Ou porque o dono das empresas onde fazem qualquer coisa como recursos humanos, informática ou serviços administrativos, os deixa levar o carro à revisão.
Já não fazem surf, mas ainda vão aos domingos ver o mar. Levam as mulheres com quem se casaram. Aquelas que nunca recuperaram os quilos que ganharam na gravidez. E que continuam a usar as mesmas camisas que compraram nos anos oitenta. Agora já não trocam os maridos a meio de Agosto. Nessa altura, aproveitam as férias dos supermercados e das pastelarias onde trabalham para ir para a T1 da prima na Quarteira. Enchem as crianças com o açúcar das bolas de Berlim e os maridos com a cevada das cervejas.
Os bad boys estão demasiado gordos para se equilibrar numa prancha mas ainda se cumprimentam uns aos outros com sinaléticas de surfista. Não têm nada para dizer e quando se encontram vivem na glória dos engates de há 15 ou 20 anos atrás. Falam de bebedeiras com o orgulho de quem relembra o dia do doutoramento. Vão ao hipermercado com a mesma adrenalina de quem explora a Amazónia.
Dir-se-ia que iriam surfar a vida, mas foram afundados por uma onda maior do que eles.
Não mudaram. Apodreceram.
Não mudaram. Apodreceram.
Sorte a tua só te aparecerem no facebook... eu casei-me com um deles....
ResponderEliminartens sempre os bons.
ResponderEliminarNunca gostei dos cafagestes.
ResponderEliminarNão tenho queda para ser mulher de bandido.
Por acaso, também não. Só caio nessa quando andam disfarçadinhos.
ResponderEliminarO único surfista com quem andei era brazuca, aprumadinho, ecologista, naturalista e bom aluno. Despia-se e vestia-se na praia como no seu quarto, o que lhe grangeou uma legião de fãns que passou a esperá-lo, ansiosamente, todas as tardes depois das aulas.
ResponderEliminarVivia-se a Primavera de 1991 em Espinho, na Praia da Baía.
Obviamente, eu não tolerei e não sobrevivemos até ao Verão.
Obviamente, ele continuou a despir-se na praia.
ah, mas eu não andava com esses bad boys!
ResponderEliminarTive um namorado surfista mas foi na altura em que já tinha idade para ter juízo. Vou escrever um post sobre isso.
yo! ya! baril meu!
ResponderEliminar@ medusa: acho muito bem que tivesses acabado com o surfador naturista! na primavera de 1991 tinha o meu quê de agrágrio, de lorpa suburbano... e isso foi antes de te conhecer! Dou graças por não ter sido surfista...
ResponderEliminarO fritz nunca pode ter sido um lorpa suburbano.
ResponderEliminar@Cuca: Claro que não.
ResponderEliminarEle confunde com "rural conservador".