domingo, 3 de setembro de 2017

Dilemas

Como é meu hábito, chego depois de toda a gente ao maior dilema da vida adulta: Como arrumar os livros na estante? Depois de duas horas de indecisão cheguei a resultados inaceitáveis. Ponderei separar a não ficção, a poesia e a filosofia. Fiquei sem saber o que fazer com a mitologia e, por razões de justiça, pareceu-me bem juntá-la à filosofia. Quando me apercebi, já zizek dormia encostado à Bíblia. 
As dificuldades não se limitam às subespécies. É evidente que Borges em nenhuma circunstância pode ficar ao lado de Bukovski. Se arrumar todo o último na poesia, incluindo os contos, encosto Borges a Candance Bushnel, a senhora do Sexo e a Cidade. Optei por isolá-lo, acabando por perceber que a obra publicada em português não se adapta ao tamanho de nenhuma das minhas estantes. Não aceito espaços vazios em redor de Borges. Ocorreu-me juntá-lo às suas queridas Mil e Uma Noites ou ao D. Quixote. A primeira solução não serve porque tenho várias edições (todas más). A segunda não enche a prateleira. Outra dificuldade é a classificação de obras de autores como Plutarco, Ovídeo e pequenas bizarrias como as Viagens de Marco Polo. O que fazer com esta gente que não escreve nem ficção, nem não ficção, nem poesia? E os guias de viagem? Podem misturar-se com livros sobre viagens que não são guias? E os sul-americanos? Não seria preferível juntar o realismo mágico todo no mesmo canto? Pode o Asterix viver ao lado do Calvin?
Como é que as pessoas resolvem estes problemas?
Era tão mais fácil ser itinerante exilada.

20 comentários:

  1. Faz como eu: oferece a biblioteca a outra.
    A alternativa, creio, é organizar por cores :P

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  2. Não arrumo, só acrescento. E a coisa está um tanto anárquica. Mas, surpreendentemente, eles não se queixam.

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  3. Por razões de espaço, por tamanho dos livros: livros grandes, livros de bolso, etc. :/

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  4. Ficção* em Língua Portuguesa
    Ficção em Língua Estrangeira
    Poesia (em língua portuguesa e estrangeira)
    Outros Géneros (biografias, literatura de viagens, ...)
    Não-Ficção (tudo o resto)

    Ensaios entram em Outros Géneros ou em Não-Ficção, dependendo das tangas – ou não – que lá tenham sido vertidas (ou do modo como tenham sido).

    São arrumados na estante por ordem alfabética (pela primeira letra do apelido do autor), da esquerda para a direita e de cima para baixo.

    * Ficção = Romance, Conto, Novela, Teatro

    Também sou capaz de apreciar o género “que se foda”, mas acho um pouco desarrumado.

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    1. Estou a fazer uma coisa parecida mas sem separação por líguas. E juntei o teatro e os ensaios â poesia, vá-se lá perceber porquê...

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    2. veio-me à cabeça a palavra metáfora.

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  5. Querida Cuca,
    Reservo a primeira coluna de prateleiras para os que não precisam de ordenação. Os outros ocupam as seguintes, divididos por assunto, sendo os preferidos sempre os primeiros.
    Onde foi buscar a ideia de que o espólio de uma pirata deve obedecer às regras de uma biblioteca municipal?
    Beijo,
    Outro Ente.

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    1. Os que não precisam de ordenação mantenho-os espalhados pela casa, com especial incidência na mesinha de cabeceira :)
      Ter os livros ordenados faz-me senti mais funcional.

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  6. Então?! É salutar uma certa desarrumação nos livros. Como "leio" vários em simultâneo não aborrece nada.

    Os técnicos nem sequer têm arrumação. Ficam simplesmente espalhados consoante a oportunidade e a necessidade até precisar do espaço.


    ... embora tenha melhorado bastante com a transição para digital.

    digital!
    digital!
    digital!

    não ganha pó, não cria mofo, não ocupa "espaço" em casa, são praticamente indestrutíveis;
    concedo, se nos enganarmos não podemos alimentar a lareira.

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    1. Por questões logísticas, em breve não terei opção ao digital...

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    2. Sim! O triunfo das Eras! Com o polvo unido até a última Pirata será vencida!

      (outra conversão;+ o livro digital até pode ser ouvido! minha Nossa Senhora!)

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  7. Deixe-os a conversar uns com os outros numa saudável anarquia. Se bem que eu raramente leia um livro duas vezes e, como tal, devia dá-los, seria esse o seu melhor destino. Porque os guardamos?
    ~CC~

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    1. Eu guardo-os porque gosto de ter coisas! Sou a criatura mais materialista que conheço.

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  8. Bárbara é a menina! Sim, que a aprendizagem da CC é mui válida (o que é preciso é ler, não ter...).
    ão digo que não me aventurase em arroubos de invasões por plácios adentro, naves mil, mas os livros, ah!, os livros, esses são para ir de mão em mão :)

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  9. isto é (porra de teclado que, diga-se, não trocarei tão cedo, faltam-me os maravedis & cenas d'outra ordem :):

    "não digo que não me aventurasse em arroubos de invasões por palácio adentro, naves mil, mas os livros, ah, os livros!, esses são para ir de mão em mão :)"

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    1. Se ficasse sem algum dava-me logo uma súbita necessidade de o reler que me obrigaria a ir comprá-lo.
      Se bem que estive a pensar e olha que uma arrumação por cores daria estantes muito bonitas.

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  10. somos umas estetas, é capaz de ser isso :)

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