O estranho caso do homem que bordava o nome completo no interior de umcasaco barato

Porfírio Manuel da Cunha Lencastre e Silva de Almeida Gonçalves Azeredo Mascaranhas, homem de envergadura bastante para ostentar cada letra de seu nome, em formato times new roman, tamanho dezasseis, bordada no interior de um fato barato, naquela tarde de setembro, afagou com o polegar o estranho anel de pedra negra que lhe enfeitava o anelar direito e perdeu-se no mistério dos seus pensamentos, pendurado numa expressão de indisfarçado ódio. 

Pensava, Porfírio Manuel da Cunha Lencastre e Silva de Almeida Gonçalves Azeredo Mascaranhas, no envelope azul que o colega de repartição, inocente de todo o mistério e trama, lhe havia entregue umas horas antes.

A odiosa missiva significava que toda a organização estava em perigo. 

Por instantes, Porfírio invejou a calma plácida dos seus colegas – e à semelhança destes, do resto dos mortais – que prosseguiam as suas miseráveis vidas preocupados com a ementa do jantar daquela noite, de ombros ligeiros, alheios ao peso de um segredo daquela dimensão. 

Foi nessa altura que recebeu um telefonema de Catarina Constança de Abigaíl e Melo Vasconcelos de Paes Gouveia Albuquerque.

A estória há-de continuar na Palmier Encoberto, que se encarregará de nomear narrador.