Ardeu durante muitos dias, no centro da terra, a gigantesca pira onde incinerámos o amor. Queimámos em fogo lento o triste património de um inventário comum. Levantámos as mãos e sacudimos grilhetas estelares. Dançámos sobre o mar e vimos, na alba, um céu cor de liberdade. Abraçámos o esquecimento e eram doces as suas asas.
Diz-se que ensurdecemos aos nossos próprios nomes.
Mas depois vieram as chuvas e, juntamente com a suja lama de cinzas, sobrou tudo quanto não sabe arder: Os acordes que são a música. As metáforas da poesia. Uma constelação sazonal. O pesadelo que um homem desenhou em Altamira. O granito e o basalto. A fome. O fundo de todos os mares.
Tanto quanto baste para que nunca nada se perca.
Tão, mas tão bonito...
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