quarta-feira, 7 de junho de 2017
Sinerwoman
O anjo negro que me vela a espertina, tenho a certeza, folheia os livros na minha ausência. Pretendo recorrer à insídia que há na literatura para educar esse fantasma. É para que os leia que finjo esquecer na mesa de prata folhada As Mil e Uma Noites, a Ilíada e a Osisseia, um livro de poemas de Borges, outro de Herberto, todos os contos de Nabokov e o Novo Testamento do Lourenço. São as bases da civilização e, tanto quanto me parece, são suficientes para que um anjo, ainda que negro, apreenda as noções básicas de humanidade. Uma vez educado, conto que o anjo que me calhou em má sorte encontre o caminho de regresso à luz, esqueça por inteiro a sua função de me proteger e, finalmente, abrace uma profissão capaz de exercer.
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Se for pautada de êxito essa formação de anjos negros, comprarei também uma mesa de prata folhada, local a partir de onde passarei a educar os meus filhos, não por serem anjos, mas por precisarem de apreender as noções básicas da humanidade.
ResponderEliminarCreio que os seus ainda só têm idade para os poemas de Borges. :)
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