sexta-feira, 9 de junho de 2017

A invenção do amor

Quando o nevoeiro se adensou e o interior da montanha ficou submerso e as nossas mãos deixaram de encontrar as respetivas bocas, 
para nos salvar da banalidade
inventei o amor. 

Na palma da tua mão aberta pousei o engenho de asas sobredimensionadas.
 
Mas vi a sua sombra cruzar a lua 
e não sei se a vertigem  
foi perda 
ou 
foi orgulho.
O amor, dizes-me, não nos salvou.

Pequenas são sempre as mãos para as asas, 
penso, 
quando o amor é ave 
que se inventa 
a lápis azul.

2 comentários:

  1. Mas sabes, Cuca, penso que é uma invenção genial, o amor, quando é assim tão bem-intencionada. Devemos perdoar o embuste da ilusão, tentar conferir transcendência à vulgaridade da existência, parece-me muito nobre (estou aqui também capaz de dizer, de uma forma muito mais prática, que pode mesmo ser uma invenção de grande utilidade)

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    1. Como qualquer geringonça, tende a voltar-se contra nós...

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