terça-feira, 13 de abril de 2010

Quotidianos míticos

Acordo com um salto. Tomo consciência de mim. Desligo o despertador. Atiro-me para fora da cama. Arrasto-me para a casa de banho. Meto-me debaixo do chuveiro. Penso na roupa que vou vestir. Saio do banho. Visto-me. Seco o cabelo. Lavo os dentes. Prometo a mim própria que amanhã vou tomar o pequeno-almoço. Escondo as olheiras. Aumento o tamanho dos olhos. Recolho os objectos espalhados pela sala. Saio de casa. Encontro o vizinho do quarto andar. Entro no carro. Faço cinquenta quilómetros na auto-estrada. Chego ao destino. Tiro um café na máquina da entrada. Desespero pelo elevador. Entorno o café. Ligo o computador. Passo a manhã a ouvir mentiras. Espero pelo meio-dia e meia. Desço as escadas. Dirijo-me ao restaurante. Peço o prato do dia sem perguntar o que é. Entabulo uma conversa sobre o tempo. Almoço. Peço um café com adoçante. Pago a conta. Despeço-me. Volto para o computador. Passo a tarde a ouvir mentiras. Espero pelas seis da tarde. Desço as escadas. Entro no carro. Faço cinquenta quilómetros. Desligo o motor. Encontro o vizinho do quarto andar. Entro em casa. Ligo o computador. Procuro uma verdade no meio das mentiras do dia. Abro o frigorífico. Percebo que deveria ter ido às compras. Sento-me em frente à televisão. Prometo a mim própria que amanhã vou jantar. Coloco o computador no colo. Respondo aos mails do dia. Deito-me no sofá e reduzo as luzes. Assisto a cinco minutos de dez diferentes programas de televisão. Constato que é tarde. Lavo os dentes. Dispo-me. Enfio-me na cama. Ligo o despertador. Leio páginas de um livro. Começo a adormecer. Apago a luz. Acordo com um salto. Tomo consciência de mim. Tomo consciência de mim.

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