domingo, 3 de janeiro de 2016

Estrelas duplas, consanguíneas

(...)
A doçura mata.
A luz salta às golfadas.
A terra é alta.
Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És uma faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas.

Herberto Helder, (a carta da paixão), Poemas Completos, Porto Editora.

2 comentários:

  1. Eu, que sou desajeitada com a poesia, atrevo-me a dizer que isso aí também se pode chamar de "ressonância". Entre as almas, claro.
    (deve ter sido maravilhoso conseguir escrever assim)

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  2. Teria sido um bom título para este post: a ressonância das almas.

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