Ouvi os versos, pela primeira vez, numa noite de início de verão, deitada numa varanda com vista para Orion.
Falava na sorte moldada pelo barro daquela terra. Uma sorte, dizia o verso, marinheira. Uma sorte, explicava, entre o mar e o vento norte.
Aprendi as palavras de cor, que é como quem diz, com o coração.
Foi para me libertar delas que as escrevi, pela últma vez, numa manhã de início de outono, num antigo livro de visitas.
Não voltei a ouvir ou a escrever os versos e menos ainda a ver o barro daquela terra.
Mas agora, vários anos depois, percebo que, afinal, na partida não me libertei de nada. Nem dos versos que continuo a saber com o coração, nem da sorte que foi moldada naquele barro.
Uma sorte marinheira, entre o mar e o vento norte.
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