Mas a falibilidade divina é transversal a todas as religiões se coadas no filtro pragmático da miséria humana remanescente.
Temos, então, que apaixonar-se poderia ser criar uma religião.
Talvez. Mas apenas na medida em que assumirmos que é componente essencial da paixão a profunda crença numa verdade não comprovada. Acho que é isso que chamam de fé.
Mas a fé não está ao alcance de todos.
Não se escolhe ser crente.
E se Borges estiver certo, se apaixonar-se for criar uma religião, pode bem ser que eu esteja perdida.
Diz Borges, a propósito do reencontro de Dante e Beatriz. Como todas as religiões, também esta foi assimétrica: Que Dante profesó por Beatriz una adoración idolátrica es una verdad que no cabe contradecir; que ella una vez se burló de él y otra lo desairó son hechos que registra la Vita nuova.
ResponderEliminarO que é o grande problema das religiões: sabemos hoje que a beleza advém da simetria; ora se a religião prima pela não simetria, onde é que guarda a beleza, a religião? Ergo, porquê ser-se religioso, pugnar pelo que não é belo, lato senso?
Boa tarde, Cuca.