sexta-feira, 6 de junho de 2014

Descalça

Dizem-me, para me consolar, que as pessoas que estão habituadas a decidir o destino das outras são as que mais sofrem diante de um cruzamento quando se trata de decidir o seu próprio caminho. 
Hoje é um bom dia.
Também à alma se aplica o processo de distensão muscular que se segue ao acto de descalçar uns sapatos exageradamente apertados.
Com a escolha irreversível já formalizada; com o destino codificado num papel a caminho de um lado qualquer; com as consequências ainda distantes do gesto, apenas o alívio de uma decisão. 
Nem importa se boa ou má. 
O alívio doloroso dos pés finalmente descalços. 
E esta chuva. Como se até as nuvens não suportassem mais um grama de peso.

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