segunda-feira, 21 de abril de 2014

Da desistência

Apesar de nunca me terem conseguido dar uma explicação satisfatória sobre a cor da linha que separa a mania (ou a obsessão socialmente aceitável) da loucura pura a justificar internamento, desconfio que a fronteira se faz, algures, pela possibilidade de desistência. 
O louco varrido difere do maníaco socialmente integrado na medida em que não tem qualquer auto-domínio relativamente ao objeto da sua perturbação.
Isso faz da desistência a arma de defesa do obsessivo que ainda não chegou ao estádio da loucura.
Às vezes, a única coisa sensata a fazer é desistir.
Desistir, enquanto ainda é possível.

2 comentários:

  1. Desistir quando nada mais é possível. Claro, a bem da manutenção de uma réstia de sanidade.

    Será, ainda assim, uma desistência faseada: um pouco de cada vez, uma dor de cada vez, um caco de cada vez. E quem dizer que uma desistência se faz num movimento único e rápido, como quem arranca uma banda de cera, omite que ficam sempre uns restos que às vezes demoram muito, mas mesmo muito, tempo a remover.

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    1. Gosto mais da expressão inglesa "give up" ... como se desistir também fosse uma forma de entregar qualquer coisa.

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