Antes que o copo ficasse vazio, já não estava lá. Aprendi a mover-me no tempo sem sair do espaço. Os meus momentos são capítulos cruzados de vários livros incompatíveis. Do final de um Tolstoi apreendo o início de um verso de Dante e perco-me numa tragédia de Shakespeare. O riso que te entrego não é teu e o meu gesto dirige-se a um morto. Talvez ainda regresse antes de nos levantarmos da mesa. Se estiver a chover numa rua de Paris. Se já não houver bazares abertos em Istambul. Se na penumbra do quarto a lua me devolver a imagem de um amante adormecido. Talvez até venha a ser para ti o comentário que farei sobre a intensidade do ar condicionado. Ou aquela marca desagradável que alguns vinhos deixam nos lábios. Mas nunca poderei ficar por mais que um instante. E essa é a minha secreta tragédia.
Começamos a dominar Chronos, mas Kairos ainda é elusivo?
ResponderEliminarBoa noite Cuca!
Estou zangada com os dois. O que faz presumir que não domine nenhum...
Eliminartal pai, tal filho... são uns tiranos
ResponderEliminarAinda bem que dentro deste navio ninguém usa relógio nem calendário.
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