Entreguei a casa ao senhorio e mudei-me para o barco. A bandeira assustadora que não paguei aos designers foi hoje colocada no mastro onde, neste instante, abana ao ritmo da brisa suave de final de dia. É de tal forma aterrorizadora que os donos das embarcações vizinhas passaram a tarde à procura de lugares distantes na marina e alguns já decidiram zarpar para paragens mais seguras. A bandeira custou-me o ultraje da retirada de um convite para jantar num iate de uns ingleses que agora já não querem estabelecer relações sociais comigo. Na primeira meia hora fiquei algo dececionada por perceber que os ingleses não têm a mente tão aberta à pirataria como seria de pensar. Mas depois lembrei-me que vim para esta vida para aterrorizar pessoas e não para fazer amigos e, rapidamente, desfiz-me de veleidades e estabeleci um plano para me vingar da desfeita dos ingleses aproveitando o facto de me terem confiado os seus planos de navegação para os próximos seis meses quando ainda pensavam que era uma pessoa de bem. O iate deles será a primeira embarcação que abordaremos.
Venci os problemas da escassez de inscrições colocando um anúncio discreto num estabelecimento prisional. Afinal, não há que ter escrúpulos nesta matéria já que, de uma forma ou de outra, no dia em que partirmos, seremos todos ex-reclusos de alguma coisa. O problema é que estabeleci um sistema de quotas para grupos sociais desfavorecidos por não me querer indispor com o tribunal europeu dos direitos do homem e agora estou com dificuldades em arranjar um anão. Já consultei o calendário estival de festas e, em último caso, raptaremos um ao Circo Chen.
Por enquanto, ainda ocupo o navio sozinha com Andhrimnir, um viking que trabalhava como homem estátua e que se ofereceu para cozinheiro em troca da possibilidade de torturar pessoas, e Polly, o papagaio que pedi emprestado para nos servir de mascote depois de ter lido um livro sobre a importância das mascotes na fomentação do espírito de grupo.
Os laços de dependência que Andhrimnir criou com Polly foram imediatos. Hoje quis servi-lo duas vezes. Primeiro, ao almoço, com molho bechamel e, depois, ao jantar, com molho de cebolada.
Aguardo com a ansiedade o início da segunda semana de julho, altura em que largaremos amarras e nos tornaremos, a sério e para sempre, Piratas.
* E Polly, o papagaio emprestado.
Estou cheia de vontade de zarpar. Ah, uma mudança de ares ia fazer-me muito bem. Tenho é de levar a gata. Achas que ela se vai dar bem no barco e com todos os animais?
ResponderEliminarNavio Pirata que é navio Pirata tem que ter gato para correr atrás do papagaio. Podes começar a fazer as malas. Passaremos a primeira temporada lá para os lados da sardenha...
EliminarEstamos prontas.
EliminarVivemos a tortura de ter uma polly durante 10 meses ao nosso lado... Aventuras-te novamente?!
ResponderEliminarSe este papagaio falasse tanto como essa polly a quem te referes, arrancava-lhe as penas todas.
Eliminar