Ninguém me convence que o que nos afasta da barbárie é a sensibilidade à arte. Tolero com dificuldades crescentes o convívio com criaturas que passam por um Caravaggio com o mesmo ar com que olham para o quadro do menino da lágrima, nunca se comoveram com um poema e pensam que o interesse do bailado está nas pernas das bailarinas.
Mas aqueles que verdadeiramente me assustam são os revelam indiferença perante a música. A música faz um caminho tão direto para o espírito que, de todas as artes, é aquela que menos necessita de educação.
Foi por isso que, desconfiada do meu cão, decidi testá-lo.
Fiquei verdadeiramente aliviada por perceber que é menos bárbaro do que alguns humanos que conheço. Por exemplo, o mio bambino caro do Puccini, adormece-o em vinte segundos cronometrados.
Mas só se for cantado pela Callas.
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