- Oláaaaa….
- Adeus.
- Literalmente?
- Não abuses da minha paciência.
- Minha filha, vim dar-te mais
uma oportunidade para alcançares a verdadeira felicidade. Aquela que nos espera
no topo da montanha da redenção.
- hum… obrigada mas não. No meu
caso seria necessário material de alpinismo profissional. E deve estar frio lá tão
em cima.
- Filha, passaram-se muitos meses
desde a última vez. Não é possível que ainda me detestes.
- Sabes o que estava aqui a
pensar? Acho-te a menos interessante e mais previsível de todas as criaturas
mitológicas.
- Se eu fosse um mito não
poderias estar a falar comigo.
- Não me menosprezes. Estamos a
falar de mim. A que fala com mortos e já amou criaturas que nunca existiram.
- Dá-me a mão e fica na minha
companhia. Aceita que te guie pelo teu destino.
- Nada disso. Além do mais, o
destino é meu e decidi não ir a lado nenhum.
- Como assim? Já não vais ao
teatro? Por causa desta chuvinha de nada?
- És tão idiota. Queria dizer que
decidi ficar plantada neste estádio de evolução. Não vou fazer rigorosamente
nada com a minha existência. Apenas gastá-la.
- Mas este é o estádio do egoísmo,
da frustração, da agonia, não podes querer realmente permanecer aqui.
- hum… também andaste a ler
aquela cena dos estádios kubler-Ross? Conseguiste perceber o que acontece
depois de se chegar ao último?
- Começo a fartar-me de ti.
- Ainda bem. A reciprocidade é o
equilíbrio de qualquer relação.
- … talvez nem sequer te volte a
visitar.
- Isso seria bom sinal. O avanço
das ciências da psiquiatria é uma coisa importante para a humanidade.
- Alguma pergunta que me queiras
fazer?
- Sabes o número de telefone do
take away do sushi?
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