Pensas
O amor é
um boneco de porcelana
Eros de
quermesse de igreja com asas mal esculpidas
Em que é
a ideia e não o objeto que se ama
E como
crês ridícula a adoração iconoclasta
Consomes
as minhas veias com a mesma tecla gasta
Faço
verdades as tuas mentiras
Enquanto
meço a distância entre a mesa e o soalho
Olho o
boneco uma última vez nas asas
E
dou-lhe uma pancada seca com a mão
Esquerda.
A do coração.
Ouço-te
estilhaçar de encontro ao chão
Não
volto a olhar.
Não o
posso apanhar.
O
destino natural dos resíduos é a absorção
Penso
O teu
amor é um boneco de porcelana
Eros de
quermesse de igreja com asas mal esculpidas
Em que é
o objeto e não a ideia que se ama
Ouço a
porta fechar-se nas minhas costas e mordo o lábio inferior
Um
clique. Não foi o que disseste? Que o amor se partiria num clique?
Amanhã
serei incapaz de me lembrar da origem deste ligeiro hematoma
Que por
hoje, mas apenas por hoje,
Ainda me
ensombra o sorriso
Faço
mentiras as tuas verdades.
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