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terça-feira, 29 de junho de 2010

Pretérito Mais-Que-Imperfeito

O passado é a matéria da densidade das relações humanas.
Não é de futuro que se trata quando as pessoas decidem relacionar-se. Na verdade, labora-se na ânsia de armazenar uma história comum.
A inabilidade de conexão com um ou outro é fruto da falta de uma afeição xifópaga a algo em comum, que é sempre passado – o que se foi, o que se fez, do que sempre se gostou.

Por isso, as amizades antigas são adoradas como sagradas. Pensa-se sempre que nunca serão conseguidas novas relações com o mesmo conforto - ainda que essas amizades já tenham desbotado à custa da falta de afinidade que deriva da falta de convivência. E mesmo que esses amigos antigos, siameses no pretérito, se tenham metamorfoseado em estúpidos, ou tenham simplesmente desvoluído: ainda relativamente a esses é mantido um respeito reverencial, em nome da memória partilhada que pode ser de brincadeiras de infância ou bebedeiras de juventude.

O apego torna difícil deitar fora aquilo que já não tem serventia. Mas é imperativo fazer a limpeza.



terça-feira, 9 de março de 2010

O Principezinho, Saint Exupéry



XXIII


- Bom dia, disse o principezinho.
- Bom dia, disse o vendedor.
Era um vendedor de comprimidos evoluídos que tiravam a sede. Toma-se um por semana e não é preciso beber mais.
- Por que vendes isso? perguntou o principezinho.
- É uma grande economia de tempo, disse o vendedor. Os peritos calcularam. A gente ganha cinquenta e três minutos por semana.
- E o que se faz, então, com os cinquenta e três minutos?
- O que a gente quiser...
"Eu, pensou o principezinho, se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, caminharia passo a passo, com as mãos nos bolsos, na direcção de uma fonte..."
Cuca