Na tão longa noite, além dos gritos das gaivotas, do desconforto do calor, das melgas, de um resto de luz dos faróis de algum carro que passou, veio também o perdão. Às cinco da manhã, último instante da madrugada em que são possíveis ações memoráveis, consegui perdoar-lhe. Creio que se perdoa à velocidade com que se ama e, como diz a canção, quando eu amo é sempre devagar. No dobrar das mil e uma noites, surgiu aquela, maior do que todas as outras, em que veio, finalmente, o perdão.
A manhã ofereceu-me um mundo de aparência igual ao da véspera mas, em tudo, diferente. Como se também a matéria de que são feitas as coisas pudesse depender do peso do coração.
Saberei um dia aquilo que todos os animais pressentem: que o perdão é a face dourada da moeda do desprezo.
"Saberei um dia aquilo que todos os animais pressentem: que o perdão é a face dourada da moeda do desprezo."
ResponderEliminarConsegue ser ainda 'pior', a face, quando se transforma em nota de obrigação... (mantendo, obviamente, uma questão ética que jamais deveria ter sido posta em causa). Acontece com as únicas alimárias possíveis: gente com educação.
Tens tanta razão.
Eliminarum dia gostava de escrever assim
ResponderEliminarEstás a dizer isso àquela que passa a vida a copiar-te?
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