Depois de deixar de contar as luas, passaram tantas que já não saberia convertê-las em anos. Escureceram as noites brancas e aprendi o sono. Profundo. Sem sonhos. Sem a sombra dos jaracandás, o cheiro das camélias junto ao lago ou a sensação da montanha nas costas.
O sono levou tudo:
a febre do seu corpo na minha pele; o exato peso da mão dele na minha; o jazz no tom da voz.
Ordenei às células o esquecimento e elas, implacáveis, obedeceram-me, assassinando-o.
Ganhei a guerra do desamor.
Instalei-me no amplo território das noites escuras e silenciosas onde nenhuma candeia alumia o caminho, nem a rebelião dos sonhos se faz ouvir.
O diabo a quem vendi a alma cumpriu integralmente a sua parte.
Ficou este nada, expurgado do que, afinal, era tudo.
As palavras, porém, ainda lembram.
ResponderEliminarNoite tranquila, Cuca. :)
Dizem que essas, as palavras, não nos pertencem. Pode ser por isso...
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