Enquanto dormias, as flores dos jaracandás amanheciam mortas e as ruas, ainda ontem tapetes liláses, iam-se cobrindo de um ouro decrépito, resinoso, agarrado à sola dos pés.
Colou-se-me a putrefação dos jaracandás e a imagem da boneca, meia despida, abandonada por entre as ervas. Os olhos grandes, azuis, acusadores, erguidos para o primeiro céu da manhã.
Enquanto dormias, desintegrava-se, alheia à tua inocência, a beleza das coisas.
Oh, Pirata! Dormir não é um acto inocente, e por isso, aposto que não abre as portas ao sono com medo de não poder ver os sonhos.
ResponderEliminarOs sonhos não querem nada comigo.
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