Num qualquer outro universo paralelo, nas respetivas salas de cortinas arredadas, um homem e uma mulher espiam-se mutuamente.
Poderiam ter sido Adão e Eva antes do paraíso; dois amantes num final de tarde de inusitada chuva; os noivos que trocam votos que desconhecem não saber cumprir; selvagens na densa floresta onde jamais entrou a luz de deus; velhos que esperam a dócil morte de mãos juntas num banco do alpendre.
Conhecem-se as vozes que nunca antes ouviram e sabem que dentro do outro há um compartimento secreto onde se estende o Sahara.
Quando a noite cair, sonharão um corpo que descansa ao seu lado e com ele partilharão a solidão que foi o dia.
Nunca serão nada.
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