ofereço-te esta tarde de desvento.
as flores agarradas aos ramos das árvores
e os ramos seguros à seiva do tempo.
o pátio lá fora num silêncio de sesta,
o gato que se estende sobre o calor das pedras
e a imobilidade mágica do sol que resta.
a luz que se aninha nos meus pés descalços,
o lençol; cada um dos eivos do seu vasto deserto
e os espelhos onde se desfazem medos falsos.
nuances de sombra azul que me habitam
um ou outro grito arrancado à carne
penas que compõem as asas ou as imitam.
Ofereço-te o que não pode perdurar:
o olhar líquido que inventa a tarde,
a insídia de um veneno que não arde,
a abstrata, vã, promessa de te amar.
Seria uma mentira descarada se dissesse que este poema salvou o meu dia, que este meu dia não está precisado de salvação, o que também não está é cansado, este meu dia, de coisas que o enriqueçam e por isso tinha de passar também por aqui e isto sim é bem verdade.
ResponderEliminarE eu fico tão contente por dizeres isso!!
EliminarMuito bonito, embora mais abaixo o Universo Paralelo me chegue como uma chapada nas trombas. Pondere, minha cara, alterar a assinatura para Cuca, a Poeta Pirata.
ResponderEliminarIsso da chapada nas trombas deixa-me muito vaidosa.
EliminarObrigada, Henrique.
Ofereço-te o que não pode perdurar:
ResponderEliminaro olhar líquido que inventa a tarde,
a insídia de um veneno que não arde,
a abstrata, vã, promessa de te amar.
Obrigado!
http://joaquimalexandrerodrigues.blogspot.pt/2017/06/promessa.html
Eu é que agradeço a referência. E a música, céus, tão perfeita que é a música que escolheu.
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