Demorei um considerável período
de tempo a voltar a dar com a entrada para o wonderland. O problema relacionou-se
com a dificuldade em encontrar o coelho guia (toda a gente sabe que se encontra
o wonderland seguindo o coelho e deixando-nos cair num buraco) devido à
epidemia que matou setenta por cento dos coelhos desta terra e deixou os pastos
enfeitados de pequenas nuvens brancas que depois ao perto são carcaças
putrefactas.
Farta de esperar pelo coelho
decidi-me a seguir uma vaca. Estranhamente, ou talvez nem tanto, nestas coisas
do realismo mágico uma vaca tem tantas capacidades como um coelho e satisfaz os
mesmos propósitos.
À porta bebi toda a aguardente de
medronhos que roubei no Alentejo mas apenas para descobrir que aqui não produz efeitos
mágicos. Uma acolhedora lagarta explicou-me que, por estes lados, a password
passa pelo óleo de baleia. Azul.
Fiz uma improvável amizade com um
homem que desconfio que seja o chapeleiro louco. Não comete a extravagância de
usar um chapéu denunciador – aqui as coisas não apenas também não são aquilo
que parecem como até são sempre o oposto daquilo que parecem – mas usa camisas
de mariachi com coloridas meias de riscas e calças de ganga com forros de
flores. Não usa matracas mas toca contra-baixo.
Sentámo-nos numa mesa de tábuas
corridas a beber cerveja preta e a comer bifanas em pão pita enquanto ele me
fez um interrogatório para se certificar que não sou uma infiltrada ao serviço
da rainha de copas. Presumo que passei no teste já que fui convidada para uma
importante reunião secreta onde estarão todos os elementos subversivos do
reino.
Ainda lhe perguntei se me poderia
fornecer um suplemento de óleo de baleia mas, indignado, apressou-se a dizer-me
que só trafica droga.
Já não bebo desse chá há algum tempo, mas os resultados continuam ao mais alto nível.
ResponderEliminarMak,
Eliminar:) O que é preciso é nunca ter falta de chá...
:)