terça-feira, 5 de outubro de 2010

Medusa deseja ferozmente cravar as unhas nisto


(...) A sua belíssima serigrafia deu toda uma manhã luminosa a este tugúrio que anda a ser o meu espírito. Retirados os oceanos, parido o vácuo sideral, esta ausência de tempo – o Tempo – está para obras como a sua, neste sentido em que a mais lata condição de eternidade é JUSTIÇA! e não ajustamento. Estou a dizer-lhe que amo, realmente, a sua pintura, obra diabólicA (o diabo que é macho-fêmea encarnou com o meu dito) de não estar já no humano e ser, em contra-esfera todo o sentido humano. Aqui lhe explico, me explico, o silêncio a que a sua obra obriga – esta, uma das suas belo-horríveis qualidades – ela é Verbo – bruxaria, às vezes! – o seu poder irradiante exige, mesmo quando dá. Vai-me dizer que isto é literatura e eu sou o primeiro a escrever-lhe que sim. Plagiando, com não pouca pretensão, o Nietzsche das estrofes finais do Zaratustra («Porque eu amo-te, eternidade»!), o a mais que sei dizer-lhe, com licença do cosmos e do Arpad, é: «Porque eu amo-te, Vieira da Silva»!
(...)
Lx.Janeiro.59

3 comentários:

  1. Vale bem a pena. Estou a olhar para o meu ali em cima da estante a sorrir para mim. ;)

    ResponderEliminar
  2. Patife, que inveja... que inveja!
    Tenho que desencantar um para mim.
    Aceito presentes.

    ResponderEliminar
  3. "este tugúrio que anda a ser o meu espírito"...é lindo!

    ResponderEliminar