domingo, 28 de março de 2010

Dívidas intransmissíveis



Aquela viagem a New York quase dois anos adiada; cinquenta minutos de massagem no Six Senses Spa da Penha Longa; uma conta da Pandora para me lembrar que sobrevivi a um ano insuportável; babar-me em cima da filha da minha amiga A. com quem já não estou sem ser em circunstâncias trágicas há tempo demais; uma tarde de compras no Chiado entre amigas a terminar num jantar descontraído no Valentino; uma noite inesquecível no São Carlos; apaixonar-me perdidamente pelo primeiro tipo com quem me cruzar num elevador que tenha a lata de me pedir o número de telefone; a pulseira colorida da colecção de bijuteria de verão da Louis Vuitton; beber uma caipirosca com os pés enterrados na areia a ler um livro de poesia; um iphone porque serve para tudo menos para telefonar mas é lindo e eu quero um; convencer-me a mim própria que a vida que deixei para trás não é melhor do que aquela que posso ter para a frente; uma franja igual à que foi celebrizada por Heidi Klum; voltar a Veneza para reentrar na igreja de Sant Ignazio e perder-me pelo tecto de Giovanni Fumiani; doze horas de sono seguidas a babar a fronha da almofada; depilação definitiva às virilhas e às axilas; ler a Bíblia, porque já começa a ser uma questão de ignorância; gritar umas boas verdades aos ouvidos do animal que me fez perder dez anos da minha vida.



Deixo-vos o desafio. O que devem a vocês próprios?

10 comentários:

  1. S.A., essa eu tenho o cuidado de pagar a pronto.

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  2. A minha lista é bastante semelhante à tua... mas resume-se em dois items:

    - TEMPO
    - DINHEIRO

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  3. Cuca, não te esqueças que não conhecemos mais verdade do que a nossa.

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  4. S.A., temos que nos bastar com essa! A dos outros é demasiado ilusória.

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  5. a dívida para comigo mesmo, tem o valor exacto de uma divisão de casa (para já imaginada!), com uma parede da altura dois seus dois andares, preenchida por estantes e por livros de toda a espécie e feitio, uma cadeira de design retro no centro, uma stéreo boecenter da bang & olufsen dos anos 70 na qual por mero exotismo tocariam vinys (que ainda não tenho) e a parede sul ou oeste, inteiramente preenchida por uma enorme janela de vidro... O sol poderia vir aí fulminar-me e não me restar senão um minuto mais, que eu simplesmente não me importaria.... As minhas contas estavam todas pagas!!

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  6. Fritz,

    Acabo de perceber que fiz uma listinha de pobre!!!

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