quarta-feira, 31 de março de 2010

Geral e Abstracta

16:00H (hora da sessão):

Está a Estrelita, a filharada, as primas e a mana na fila para comprar bilhete para o mais que cobiçado filme de aimação.

A boa da Estrelita graças à sua grande boca e pensando assim conseguir poupar os 7€ bilhete da filha mais nova dirige-se ao balcão:

E: Esta menina (que imediatamente senta no balcão), ainda não fez três anos, tem que pagar bilhete (dois dias antes viu o Disney on Ice sem pagar um tusto, pelo mesmo facto)?

F: Ah, então não pode entrar. Crianças com menos de três anos não podem entrar nos cinemas. São as ordens que temos. É de lei (adoram dizer isto!).

E: Pode lá ser isso. Estou a falar da sessão das 16H, para os desenhos animados; o filme do dragão. (E as miudas começam a inpacientar-se, já passa das 4 e ainda não se compraram as pipocas!). E para mais, ela está farta de vir ao cinema. Aqui inclusivamente. Chame o gerente, por favor.

Vejo o Gerente aparecer rapidamente com ar solicito. Explico o que se passa e iniciam-se os 10 minutos mais enervantes dos últimos tempos.

G: Lamento imenso, mas é de lei e está anunciado nos nossos cartazes (alguém alguma vez viu?) Crianças com menos de três anos não podem entrar em cinemas e salas de espectáculos.

E: (depois de muito argumentar e já em desespero de causa visto que a Miss Pipoca já chora que quer entrar, que o senhor não a deixa ir, que quer ir ver o dragãozinho...ah, e as outras 3, aflitas, que é que se passa? o que foi? Todas ao mesmo tempo! E as pipocas...) Até pode ser como o Sr. me está a dizer, mas como vê agora não vou poder voltar para trás. Ela anda a sonhar com o dragão há dias. Fazemos assim, o Sr. esquece que tivemos esta conversa e faz como habitualmente, vende os bilhetes calmamente, observa a garota e vai-me dizer se ela parece que tem três anos ou não (visto ter sido este o critério que me disse ser usado como detector de idade. Para cumprimento da tal lei). Assim, como fazem sempre, com todas as crianças, e como já fizeram com esta.

G: A Srª não pode entrar com a menina.

A esta altura decidi ignorar o que me dizia. Eu própria já sentia as lágrimas nos olhos num misto de raiva e de dor pelo sofrimento da Pipoca ante a perspectiva de não poder entrar. Pedi os 6 bilhetes necessários, paguei-os e repeti "Eu não vou poder voltar para trás".

Distribui os óculos 3D, respondi à Miss Pipoca que sim, que aqueles eram os óculos dela (ainda sentada no balcão, enquanto recebia o troco), peguei na Miss Pipoca ao colo, na mais velha pela mão, com as primas atrás, e a mana a fechar o cortejo, e dirigi-me escada acima até à sala de óculos 3D na mão. A funcionária que nos antendeu em primeiro lugar "picou" os bilhetes. E assim violei uma lei estúpida.

Se sabia que não me iam fazer passar pela a humilhação, perante as miúdas, de ser impedida de entrar? Não sabia.

Sabia que não podia ir embora com a Miss Pipoca e sabia que, a existir a tal da lei, é uma lei estúpida e como tal, contei com o Bom Senso do seu, então, aplicador.

Ele teve.

3 comentários:

  1. 1. Folgo em saber que a palavra "Tailândia" tem a virtualidade de te fazer produzir posts inspirados.
    2. Mesmo que o gerente se tivesse esforçado muito, duvido que chegasse para a Pipoca, bebé pitonisa, criadora de coelhos imaginários, domadora de toda a espécie de animais selvagens...

    ResponderEliminar
  2. Acresce o facto de a Miss Pipoca se comportar no cinema melhor que a grande maioria dos adultos que por lá circulam, o que faz valer a pena que se afrontem gerentes e se quebrem as leis.
    Miss Pipoca rules!!

    ResponderEliminar
  3. Bem...não chamaria passar um terço da "Alice" aos gritos a exclamar "olha o coelho!" "onde está o coelho!" e "o coelho voltou!" portar-se bem. Mas se compararmos com o papá que se levantou a meio e foi-se embora, sim, portou-se bem!

    ResponderEliminar