quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Dois zero um seis



A nostalgia está para a natureza Pirata como a lama para as vestes brancas e nós aqui, neste navio, já todos perdemos demasiadas coisas para ainda nutrir pelas despedidas, quaisquer despedidas, outro sentimento que não o de profunda indiferença, quando não verdadeira, pelo menos fingida. 
Não obstante, gostamos de festas e acarinhamos qualquer pretexto para beber rum e usar os excêntricos fatos de Pirata que mandámos vir da loja dos chineses, por alturas dos saldos do Carnaval.
Além do mais, não há olhar que sob as luzes certas não pareça mais brilhante. E o brilho, como o comprovam os nossos cofres, é coisa que nos é cara. 
Acedemos, então, não a despedir-nos de 2015 mas a festejar a chegada de 2016, esse novo ano que já nascerá sob o excelente auspício da nossa mão a embalar-lhe o berço. 
Aportámos numa marina anónima perto de si, ao lado de um iate de luxo que por esta altura já terá a despensa aliviada de Caviar, Moets e passas. O melhor prato de Andrihminir, o cozinheiro Viking, é aquele que rouba já pronto a comer.
Álvaro de Campos preparou o seu tradicional poema de boas vindas ao novo ano. Se tudo correr de acordo com o previsto, não estará em condições de o recitar. 
Os presidiários engalanaram o mastro do navio com os restos das luzes que enfeitavam a vaca que fizemos nossa na Lapónia, no último Natal.
Gualtiero, o Italiano, ignorando os meus protestos, organizou um baile de pernas de pau submetido ao tema "amore".
Os poetas, como é sua função, passaram a manhã ocupados a tecer o manto de esperança com que cobriremos o recém nascido. 
Os bloggers residentes, sempre imprestáveis nesta altura do ano, estão todos no convés, agarrados aos respetivos iGadgets, à procura de coisas boas para dizer sobre o moribundo 2015.
Esta vossa capitã colecionadora de céus, daqui, deste posto de vigia com vista para o Atlântico, deseja-vos a todos aquilo que mais importa: que vivam.



16 comentários:

  1. Isso mesmo, Cuca, viver é um luxo por estes dias.

    Que vivas muitos anos a capitanear este navio. :)


    uma beijoca


    (ou outro, vá, ou o que quiseres, desde que vás respirando)

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  2. quem sabe, não nos cruzamos, valente Capitã!

    (e eu recupero a vaca sagrada :)

    feliz 2016!

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    1. Se vieres à festa devolvo-te a vaca!
      :)

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    2. nem pensar! faço questão de a roubar :b

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    3. A vaca foi-nos oferecida pelo Pai Natal e agora é nossa.
      Como nunca há um instante de sossego na vida pirata, ainda o ano medo tinha começado e já estávamos a ser atacados por um grupo de rebeldes, armado de espadas e sapatos de 13 centímetros, que aparentemente pretende resgatar a vaca.
      Estáo lá em baixo a tentar uma abordagem hostil... Logo hoje que ainda não temos as porcelanas lavadas e as pratas areadas...

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    4. temos no porão umas imitações de crocodilo, talvez consiga distraí-las...

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  3. Poder viver, enchermo-nos de viver, transbordarmos de viver... quem voto bom!
    Pois que vivamos muito, cheios de vida até que que as costuras estalem.
    Beijinhos e bom dois zero um seis, Capitã. Todos os 366 dias e seis horas dele!

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    1. E viva a MD Roque!! Este ano, espero que com mais tempo para estas coisas dos blogs. Beijinho.

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