sábado, 3 de outubro de 2015

À espera da chuva

Passei a semana à espera da chuva. Não uma chuva morrinha daquelas que aborrecem mais do que afligem e deixam nos cabelos pequeninas gotas de diamante. Continuo à espera da chuva. Mas de uma intempérie de água sonora que ensope os ossos e se infiltre no sangue. Uma chuva imensa e redentora. Das que lavam. Das que fazem correr pelas ruas abaixo todo um rio feito de lixo e de lama. O tipo de chuva que os homens temem por obrigação genética.
Gosto do céu depois de uma chuva assim. 
Um céu de alívio. 
Passei a semana à espera desse céu.

4 comentários:

  1. Hum.
    Então e a trovoada violenta sobre a cabeça dos homens (nada de poético-delicodoce ribombar distante), daquele que os faz temer que o céu lhes caia sobre a cabeça (de não tão irredutíveis que são)?

    Faltou a trovoada, i say.

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    1. Há qualquer coisa de ainda hecatombico numa chuva sem trovoada, Alexandra. Se pensares bem, parece mais despropositado...

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