Ensinam-nos a olhar sempre em frente e de uma forma segura. A escolher gestos lentos e decididos. A dobrar as pernas da forma certa ao sentar. A controlar os movimentos das mãos. A falar sempre no mesmo tom. Tudo sem nunca esquecer as costas direitas e a necessidade de evitar a transparência na expressão.
Aprendemos estas coisas com relativa facilidade e depois deixamos de pensar nelas.
Não nos ensinam nada sobre a intranquilidade do espírito. A incapacidade de dominar o pensamento que se fixa constantemente no mesmo assunto e se recusa a mover-se por mais que lhe ordenemos que o faça. O desfasamento interior. A permanente sensação de não estar a ocupar o espaço. De pairar sobre as coisas. Não nos ensinam nada sobre o domínio da angústia. E impossibilitada de sair para o exterior pelas boas maneiras da inexpressividade do corpo, a angústia fica aqui dentro. A consumir-nos. A roer-nos como um rato inoportuno. Até não restar mais do que um lindo e elegante invólucro vazio.
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