No fundo das caixas há a decadência. Uma casa sem alma não parece mais vazia quando as nossas coisas saem pela janela. Parece apenas maior. Mais limpa. Limpa de nós. E se temos vontade de ficar dentro dela, a respirá-la, assim vazia, devemos concluir que fizemos tudo mal.
Os caixotes que não abrimos durante inteiros doze meses não nos pertencem. Merecem que os deixemos partir. Reciclar é melhor que congelar. Porque o gelo queima e a reciclagem purifica. Mesmo que não consigamos resistir à tentação de os abrir, já à distância de meio metro do papelão onde incineraremos os ossos da nossa vida. Mesmo que ao abri-los nos caiam aos pés álbuns de fotografias. Sobretudo se essa celulose estiver impregnada do nosso sorriso feliz. Sobretudo se for um sorriso que já não conseguiremos imitar.
É preciso livrar-nos dos restos. Neles estão os rastos. Aqueles que nos habituamos a seguir quando estamos demasiado perdidos para nos conseguirmos lembrar de quem somos. É um exercício fraudulento. Os rastos deixados pelos restos apenas nos conduzem à falsa memória do que fomos. Por vezes, a verdade do que se é está numa casa vazia.
Ou nas mãos penduradas no nada junto ao portão de saída.
Nessas vezes, claro, temos que concluir que fizemos tudo mal.
Os caixotes que não abrimos durante inteiros doze meses não nos pertencem. Merecem que os deixemos partir. Reciclar é melhor que congelar. Porque o gelo queima e a reciclagem purifica. Mesmo que não consigamos resistir à tentação de os abrir, já à distância de meio metro do papelão onde incineraremos os ossos da nossa vida. Mesmo que ao abri-los nos caiam aos pés álbuns de fotografias. Sobretudo se essa celulose estiver impregnada do nosso sorriso feliz. Sobretudo se for um sorriso que já não conseguiremos imitar.
É preciso livrar-nos dos restos. Neles estão os rastos. Aqueles que nos habituamos a seguir quando estamos demasiado perdidos para nos conseguirmos lembrar de quem somos. É um exercício fraudulento. Os rastos deixados pelos restos apenas nos conduzem à falsa memória do que fomos. Por vezes, a verdade do que se é está numa casa vazia.
Ou nas mãos penduradas no nada junto ao portão de saída.
Nessas vezes, claro, temos que concluir que fizemos tudo mal.
a tua casa não foi ali.
ResponderEliminare não, não fizeste tudo, tudo mal.