Nas noites em que me distraio ainda me assombras os sentidos. Apareces aos pés da cama que há muitos anos nem sequer é minha. Pálido e magro. Olhas-me com a expressão indignada que só adquiriste post mortem e insistes na mesma pergunta.
- o que nos aconteceu?
Às vezes desapareces quando acendo a luz. Ou a vela de baunilha com que afasto o teu cheiro a sabão. Outras vezes sobes a cama e ficas deitado ao meu lado a segurar-me uma mão que gela no contacto com os teus ossos. Transparentes.
O que nos aconteceu foi um homicídio seguido de suicídio.
Pedes esclarecimentos.
Mas nesse mistério de morte nunca conseguiremos perceber, de entre os dois, quem matou e quem se deixou morrer.
É um enigma absurdo.
A mão que tu seguras não consegue sentir a força dos teus dedos. E o rosto em que procuras explicações não se faz reflectir nos espelhos do quarto.
Somos ambos fantasmas.
- o que nos aconteceu?
Às vezes desapareces quando acendo a luz. Ou a vela de baunilha com que afasto o teu cheiro a sabão. Outras vezes sobes a cama e ficas deitado ao meu lado a segurar-me uma mão que gela no contacto com os teus ossos. Transparentes.
O que nos aconteceu foi um homicídio seguido de suicídio.
Pedes esclarecimentos.
Mas nesse mistério de morte nunca conseguiremos perceber, de entre os dois, quem matou e quem se deixou morrer.
É um enigma absurdo.
A mão que tu seguras não consegue sentir a força dos teus dedos. E o rosto em que procuras explicações não se faz reflectir nos espelhos do quarto.
Somos ambos fantasmas.
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