sábado, 14 de novembro de 2015

a verdadeira história da eternidade


O tempo abandonou-nos há mais de mil e uma manhãs. Foi ainda ontem que sentada no Olimpo pousei a fronte na tua clavícula e tu semicerraste os olhos e nesse instante de distração largámos o destino dos homens e eles esqueceram-se de nós. A gruta de Altamira onde, entre sombras, com o nosso próprio sangue, registámos o amor, tanto pode ter acontecido há milénios atrás, como poderá ser o nosso futuro distante. Não estou certa que não sejamos os corpos unidos de uma mesma múmia que me lembro de ter visto num egito muito antigo. Esperei-te quando partiste para muitas guerras. Lavaste-me dos cabelos a febre da peste. Os nossos dedos entrelaçados são fósseis de Pompeia. Fui Eva e Lady of Shalott e Ofélia e Karenine e ainda Laila. 
És todos os homens e foi para ti que os deuses inventaram a música.

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