Consomes os dedos e as cordas na
fúria mas a tua música sabe-te ao ácido no estômago. A contorção faz-se de fora
para dentro. A saliva que te entra na boca é tóxica e não compensa o frio que
te sai pela pele e navega muitas milhas. Até perder o rumo do teu corpo e
entrar no meu quarto enquanto durmo. Sonho que estou de mãos dadas contigo em
frente à porta de um cemitério e acordo enrolada ao teu frio. Dás muitas voltas
sobre ti próprio para conseguires permanecer no mesmo lugar. Há um lobo doente
que olha para mim na sombra da janela. As tuas mãos roídas denunciam o leilão
da alma. Tens alguma paz no desmaio, mas terás sempre que regressar de ti
próprio.
Escolho não te explicar a
subtileza da diferença entre o ato de abandonar e o de libertar.
Porque saber é um placebo e
sentir é um remédio...
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