quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"E ao fim não toquei em nada do que em mim tocou"

E ao fim não toquei em nada do que em mim tocou


Entre partidas e chegadas ouvíamos capitão romance dos ornatos violeta.
Uma manhã, um avião descolou da pista do aeroporto ao mesmo tempo que um barco saiu do porto. A insídia do destino fez com que nos cruzássemos por um instante no oceano. E da minha janela vi-te transformares-te num ponto indistinto enquanto ouvia a mesma música e evitava pensar no vaticínio presente na imagem de duas linhas perpendiculares. Aquelas que se cruzam num ponto e se afastam na eternidade.
Não parti rumo à primavera. Nem sequer à maravilha. Parti rumo ao outono. E não queria navegar.
Mas pelo tamanho das ondas percebi não poder voltar.
Não me esperaram homens daqueles que resistem antes de morrer.
A música fez-se verdade em dois pontos: 
Esqueci tudo o que sou capaz.
E ao fim, percebo-o agora, não toquei em nada do que em mim tocou. 

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