sábado, 1 de setembro de 2012

31 over the blue moon

Faltei ontem ao encontro que foi a verdadeira razão do meu regresso aqui. E embora a baía tenha ficado vazia na imobilidade absoluta e na estranheza da ausência dos nossos prometidos corpos a dançar na sombra da lua, essa, a lua azul, foi a única que, indiferente ao desamor dos amantes, se manteve fiel ao compromisso de aparecer.
Era uma lua especial que, por ser azul, só voltará a aparecer lá para o verão de 2015. E por isso, o nosso desencontro debaixo dela não tem a dimensão das coisas que se adiam, por exemplo, por uma lua, mas antes das coisas que, por não se poderem repor na brevidade, estão condenadas a perderem-se para sempre.
Mas a lua não brilhou apenas na baia vazia. Brilhou também, azul, por cima da minha cabeça quando abri a janela do quarto para conseguir respirar. Também era azul a musica que se tocava por baixo da minha janela e que a par com a lua entrou dentro do quarto para me hipnotizar com a ilusão de que no som do baixo que preenchia os blues, estavam os teus dedos de encontro às cordas.
Depois calaram se os blues, a lua perdeu-se no ocaso e as tuas palavras no meu telefone pariram um amanhecer vazio e mais um dia nado morto.



2 comentários:

  1. Olá, Cuca. Vi-te no anãozinho e não resisti em querer saber mais qualquer coisa. Cheguei aqui e estou a descobrir. Deixo-te um apontamento muito simples: gosto muito do que aqui tens: da lua azul, do azul que se espalhou por todo o lado, dos dedos de encontro às cordas, do amanhecer vazio, do nado morto em que navegam tantas manhãs e noites por acontecer.

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  2. Obrigada Isabel. Benvinda e volta sempre.

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