Utilizando Paul Cézanne, em stilleben mit cupido, o puto delinquente tenta enganar-nos dando de si próprio uma imagem de esquecido bibelot em fim de vida, a meio caminho entre o estorvo e o caixote do lixo.
Assim, desasado, desarcado e desalirado, Eros consegue fazer-se passar uma criatura inofensiva. Se nos distrairmos, acabamos por desenvolver piedosos sentimentos que nos farão levá-lo para casa e instalá-lo numa coluna de mármore à entrada da porta.
Não se deixem enganar. Eros não acabará os seus dias coberto de pó, à espera que uma empregada doméstica o transforme em prémio de quermesse. Vem na mitologia. Se lhe derem um pódio, rapidamente lhe crescerão asas, usará a madeira das cadeiras da sala para fazer um arco e assassinar-vos-á a liberdade, durante o sono, disparando uma seta certeira e dolorosa.
O mais seguro é passar por esta criatura traiçoeira e inoportuna e confundi-lo com o miúdo da Mannekin Pis Fountain, em Bruxelas.
Não merece mais.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Eros, o criminoso
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